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CONSUMO

CONSUMO

       "Pode-se apenas argumentar que ir às compras é tudo, menos uma experiência trivial e fortuita, e que arriscamos nossos valores e nossa identidade quando vamos às compras, porque se trata de uma das áreas da vida em que podemos selecionar os componentes que estão manifestamente disponíveis para a expressão da identidade e que serão vistos dessa maneira pelos outros, quando os colocamos sobre nossos corpos ou perto deles. Tais críticas fazem implicitamente seu julgamento a partir da perspectiva de uma era heróica e perdida de produção e consumo cultural. Elas cheiram a nostalgia e a elitismo do intelectual que fica sentado e observa a racionalização do mundo com um sentimento de horror. Ao mesmo tempo, têm a vantagem de reorientar-nos para questões de valor: como devemos julgar o consumo e o lazer na cidade. Fazem-nos voltar para questões sobre como devemos valorizar os diferentes tipos de experiências estéticas e as dificuldades de nos movimentar entre a ética e a estética, ao lado da questão mais ampla da compatibilidade entre a busca do prazer e o dever da responsabilidade civil no espaço público urbano. Algo que deveria estar claro é que o ir às compras sofre de uma dupla avaliação negativa por não ter a finalidade heróica da ética do trabalho capitalista e seu lado inverso da finalidade sem propósito, a ética boêmia do jogo do modernismo. Comprar é um jogo ignóbil e é mundano e comum demais para ser considerado a base de uma crítica de oposição. Além disso, há o problema de ser uma atividade misturada, com os compradores mudando entre finalidade ou prazer e jogo: É uma forma híbrida " impura". Mas sua principal desvantagem é que ainda carrega o estigma de estar associado a atividades femininas." (FEATHERSTONE, Mike. O flâneur, a cidade e a vida pública virtual. In: ARANTES, Antonio. O Espaço da Diferença. 2000.)

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